quarta-feira, 12 de maio de 2010

Recomeçar, começar ou acabar??




Recomeçar, começar ou acabar?
Começar de novo, do zerinho, ups, não é bem do zero mas do um e meio ou mesmo do dois. Que caminho mais tortuoso...
Não é fácil, mas é possível.
Mas, pessoal vale a pena? Às vezes sim, outras nem por isso, então quando desistir?
Ok, ponham os pratos na balança, façam as contas, que lado é que pende mais, o bom ou o mau? Até que estejam em equilíbrio vale sempre a pena tentar, só quando o lado negativo chega bem ao fundo é que é hora de dizer : Basta!
Uma relação a dois ( ou três, ou mais) tem que ser encarada como uma sociedade comercial. Em primeiro lugar é um investimento de tempo e de empenho, não nos podemos esquecer de investimentos regulares, ou arriscamos uma falência (técnica ou efectiva). Há que inovar, criar e arriscar, saber ouvir, falar, calar quando é necessário.
E ter sempre em mente que se investimos e queremos lucros, não podemos dormir à sombra da bananeira, dá trabalho? Claro que sim, mas sem trabalho, qual é a graça?
Então vamos lá, depois de analisar os prós e os contras:Recomeçar, começar ou acabar

Saudade


Saudade

Com três sílabas apenas se escreve a palavra saudade. Sau-da-de, aparentemente a palavra que nos define como povo, aquela que só existe no vocabulário português. E no dicionário diz: lembrança triste e suave de um bem passado, nostalgia. (isto entre outras definições, evidentemente).
Ora bem, significa isto que somos um povo triste, que vive nostálgico e suavemente a pensar num bem passado?
É verdade que somos um povo triste, nostálgico, de facto.
Porquê, ultrapassa-me completamente. Saudade, saudade de quê? De-feitos passados, defeitos sim, temos muitos, feitos que passaram? Oh amigos, passaram! O que lá vai, lá vai. Sempre pensei que apesar de também ter três sílabas, saudade não rimasse com inércia, mas pelos vistos rima.
Nunca vi um povo como nós, assim tão parado, tão sentado, á espera que algo de bom nos invada e que transforme as nossas vidas, como a pobre da cinderela.
Entregamo-nos ingenuamente ás fadas madrinhas á espera que elas nos levem ao baile do século. Ah! Sim! A roupa é nova, dançamos até á meia-noite, e depois, depois lá vêem os trapos, a esfregona e voltamos ao mesmo. Mas, claro fica-nos a saudade, daquele pouco tempo de glória em que fomos os reis do baile e todos encantámos com a fatiota cheia de brilho.
Vivemos afastados dos séculos, não é de agora, qualquer historiador dirá que o espírito português sempre foi diferente, não sei se diferente ou apenas ausente. Talvez tenha sido apenas o tamanho que nos inibiu, nos impediu de fazer frente ao século vigente. Temos que pensar, que não é o traje que nos faz, deixar de lado as roupagens, que são apenas adereços e mergulhar de cabeça no trabalho, é uma vassoura o que temos nas mãos? Não faz mal, ao menos que fique bem limpo, sem saudade. Como diz o poeta Chico:.. a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu…
É melhor seguir em frente, sem nostalgia, agarrar o futuro, pensar que português não rima com tacanhez, mas sim com força, sensatez, paixão, brio.
Quero dizer, sim, somos diferentes, não pelas caravelas de velas já desfeitas, mas pelo brilho do nosso olhar, um olhar português…

Memórias


Memórias, histórias?


Enquanto esperava à porta do supermercado pela boleia do meu marido, passaram por mim vários rostos, para mim sem nome, que me lembraram outros rostos, alguns com nome.
Rostos, que não voltarei a ver senão talvez, nas viagens da minha memória ou nalguma fotografia amarelecida pelo tempo. Rostos que se confundem nas recordações. Parece-me que é o tio do pai, ou será que é aquele amigo do avô que andou com ele na tropa?
Memórias, histórias, o que nos diz um rosto? Ás vezes tudo, outras vezes nada. Quando é que um rosto deixa de ser um para se tornar no? O que é que faz um rosto? Dois olhos, uma boca, um nariz? Uma expressão, um sorriso?
Olá! Tudo bem? Não se lembra de mim? Estou assim tão diferente? Deve estar, penso muitas vezes, pois não me diz nada – desculpe não estou bem a ver. Ah! Sim desculpe lá, sabe, sou muito distraída, tenho dificuldade em reconhecer as pessoas fora do contexto, balbucio á laia de desculpa. Outras vezes sou eu própria a reconhecer rostos a quem sou eu que nada trago á memória. As vezes, pudera, não os conhecia mesmo, reconheço quando chego a casa, ligo a televisão e lá estão eles. Não admira que não me conhecessem de lado nenhum.
Se pensar um pouco, acho que certos rostos são persistentes, não pelas feições mais ou menos agradáveis, mas simplesmente pelas memórias que nos despertam.
Um gesto, um olhar, um cheiro e clique, eis que desperta algo que rapidamente assume forma de memória, de história. Lembras-te daquela vez que fulano fez…
Naquele instante o tempo volta atrás e a história torna-se vívida, real. Saudade? Não precisamente, apenas trás um sorriso, uma lágrima e depois desaparece, sem deixar outro rasto senão um rosto tão ténue como um retrato carcomido.
Se recordar é viver, significa que vivemos só para recordarmos? Recordamos só para viver? Ou nada disso. Vivemos, ás vezes recordamos. Mas como a memória é selectiva, e muitas vezes mentirosa, há que fazer uma triagem antes de aceitar as memórias, separar as histórias compridas e alindadas, efeitos que o tempo empresta á verdade.Hoje que tanto se fala em memórias falsas, implantadas por profissionais, e por medos ou desejos, será melhor recorrer aos meios que nos proporcionou o progresso tecnológico. O segredo é gravar em CD, com som, para que não se percam os rostos, as vozes (legendar não seria má ideia), só os cheiros não se podem guardar, nem as sensações. Em contrapartida olhar para trás, ter vivido, ter lá estado, ter conhecido, conseguir lembrar, como diria o meu marido: já não é chita!!!

A Crónica de um Divórcio


Não seria muito difícil imaginar como tudo começou, pois foi da forma mais banal possível. Rapaz encontra rapariga, rapaz namora rapariga, casamento ao fim de 6 anos, filhos no final do 2.° ano e vivem infelizes até o divórcio entrar nas suas vidas como força libertadora.
Até aqui nada de novo, tudo muito bem, corriqueiro, sem nada de extraordinário. Mas afinal, o que deveria ser o final desta história tão banal, não foi mais do que o começo.
Não sei se paixão, se despeito, se ódio, ou até mesmo nada, o que é facto, é que na recta final, começou o disparate que se prolongou até ao final das suas vidas, e a história começa assim...

Num dia de Primavera, a Matilde e o José despediram-se à porta do tribunal. Acordado ficou, que a Matilde ficaria com os filhos (um rapaz o João e uma rapariga a Joana), as visitas do Pai seriam quinzenais, pensão de alimentos para as crianças, a casa divida a meio, enfim o trivial.
- Bom Zé até, daqui a quinze dias quando fores buscar os miúdos...
Despediu-se a Matilde.
- Olha, se não for eu, vai a minha mãe... A Matilde nem o deixou terminar, pois "sogra" no seu pensamento era um palavrão.
- A tua Mãe, berrou ela, era o que mais faltava, ou vens tu ou ninguém leva os miúdos. A Matilde quase espumava, ao dirigir-se ao Ex. Só que o José não costumava mandar recados, e gritou-lhe também de seguida.
- É o meu fim de semana, levo-os quando eu quiser, e vai buscá-los quem eu quiser, como eu quiser! !
- Veremos, atalhou Matilde, veremos quem quer o quê! Com estas palavras terminou a troca de impressões à porta do tribunal, escusado seria dizer que os dois se retiraram com um ar tresloucado, espumando pela boca.
Talvez a discussão sem sentido servisse apenas para apaziguar tudo o que ficara entalado nas suas respectivas gargantas na sala do tribunal, talvez fosse apenas a vingança de Matilde em resposta à forma displicente como fora informada do pedido de divórcio. - Olha filha, estou farto disto, quero o divórcio, assina estes papeis - assim vindo do nada, dizia ela, - vindo do nada ,não! Dizia ele, pois há mais de três anos que vivíamos separados, nem sequer conversávamos, quanto mais o resto - como é que se pode falar com um homem que nem sequer olha para nós, como é que sem conversa pode haver seja o que for, a culpa é dele - a culpa é toda dela.
E pronto cá está a desculpa, a culpa era dele, não, não era dela, enfim uma série incrível de baboseiras sem nunca acabar.
Divórcio consumado.



Depois da primeira discussão pós divórcio, outras se seguiram, senão por isto, por aquilo. Mas todos os quinze dias (às vezes semanalmente) a discussão estalava, esta situação prolongou-se durante alguns anos. Os miúdos esses foram crescendo, coitados sem perceber patavina, envenenados pelos dichotes da mãe e do pai, mudando de escola cada vez que aos pais lhes aprouvia, pois estes faziam experiências à vez com a educação das crianças, ora esta escola é que é boa, ora esta é muito melhor, já viste instalações mais ranhosas, se a outra é mais cara paciência paga que com a educação não se brinca, etc., etc.
Felizmente eles eram garotos, fortes, com boas bases incutidas pelos avós matemos, que se mantinham à margem de todo aquele disparate, tentando por sua vez compensar as inseguranças, e contradições, os avós paternos coitados, viam os netos de lés a lés, e tinham uma idade que já não lhes permitia passar por tudo aquilo sem risco de enfarte ou pior.
Quando entraram na pré adolescência a coisa agravou-se, a rapariga 'defrontou-se com um novo casamento do pai, e quando se virou para a mãe pedindo apoio, deu com uma mãe arrasada pelo sentimento de frustração, e de raiva, pois só ela não tinha tempo sequer para pensar em tais coisas, quanto mais fazê-las, e ao invés de apoio, o que conseguiu obter foram duras recriminações, quanto ao seu aspecto, e comportamento, completamente baralhada a rapariga refugiou-se em casa dos avós e de lá se recusou a sair.
O rapaz mais prático, arranjou forma de obter tudo o que queria da mãe, maldizendo o pai, e a nova esposa, e apoiando-a e alimentando o seu desespero e raiva.
Nestes anos que passaram, ou melhor se arrastaram para a Matilde, o divórcio passou por variadíssimas fases, desde a frustração, libertação, raiva, medo, libertação, raiva de novo com o casamento do seu Ex. Se lhe perguntassem o porquê, creio que a Matilde não saberia responder, pois não lhe passava pela cabeça voltar outra vez para o ex. marido, mas só a ideia de o ver casado estando ela solteira, a enchia de raiva, e ódio.
Para o José a coisa não foi muito diferente, os anos não o pouparam, ele envelheceu frustrado, sem nunca admitir que estava arrependido, frustrado, mas o orgulho venceu, como aliás vencera sempre, até que voltou a viver de novo quando conheceu a rapariga com quem veio a casar, muito mais nova do que ele, pouco mais velha era que a sua filha, mas onde, encontrou o que procurava, apoio, e compreensão como afirmava á boca cheia.
Os Natais e aniversários tinham sido difíceis, os miúdos andavam a correr capelinhas, mas depois do casamento do José tomaram-se infernais, a Matilde e o José deixaram de se falar, e os filhos tomaram-se marcos de correio, depositários de um sem número de mensagens, sempre sem resposta, e quando se avizinhava alguma data importante, começava a ladainha, já decidiram com quem vão passar estas férias, ou, como é este Natal?, a festa é no Pai ou aqui, era uma autêntica tortura chinesa.
Aquelas crianças mereciam epitáfio de "Santos", pois eram martirizadas com torturas e chantagens, - pois! Não querem saber de mim para nada, - e outras frases simpáticas e a propósito, que os respectivos se lembravam de lhes atirar.
É mais do que justo, afirmar que os pequenos começaram a fartar-se de tudo aquilo e que assumiram uma atitude um pouco fastidiosa perante a vida, tomaram-se crianças cordatas, fáceis de lidar mas só à superfície, pois por dentro a revolta era imperadora.
Aos dez onze anos é mais fácil de assumir, esta vida ambígua de andar para cá e para lá, de ouvir recriminações de um lado e do outro, sem que isso nos pareça terrível, antes pelo contrário, temos um certo "savoir faire" em relação à situação e aproveitamos ao máximo o facto de as recriminações não serem do tipo "um diz mata e o outro esfola", pensamos:
Dois quartos, duas mães, dobro das coisas, duas festas, etc., etc..
Aos quinze anos as coisas mudam, já não tem graça nenhuma não ter uma família igual às outras, se estamos completamente perdidos, porque as hormonas não perdoam ninguém, não ajuda nada olharmos para aqueles que nos deviam ajudar a superar a crise, e verificar-mos que eles ainda estão mais perdidos do que nós, concentrados nos seus problemas e nem sequer conseguem ver o que se passa à frente dos seus narizes.
O João e a Joana com quinze e dezasseis anos respectivamente, acabaram por se divorciar dos pais, cada um de sua forma. A Joana que já em criança se tinha retirado estrategicamente para casa dos avós, tomou a sua acção definitiva. Era muito mais fácil viver com uma mulher que achava que tudo o que a neta fazia tinha um motivo, bom ou mau, e que já tinha chegado a um acordo com a vida há largos anos, do que com outra que achava que tudo o que a filha fazia era de propósito para a afrontar, tudo o que ela vestia era ridículo, não obstante a amasse com loucura.
Loucura é a palavra-chave, neste caso, não, de forma alguma a Matilde enlouqueceu, loucura de uma situação mal resolvida, loucura da insegurança. Para a Joana a casa do pai estava fora de questão, madrastas nem pensar, já bastavam as cinderelas e as brancas de neve. Não que não gostasse da madrasta, pois era uma rapariga normal, que o único erro que tinha cometido foi gostar de um homem que já tinha filhos, mas era a "outra" e isso a Joana ainda não conseguia perdoar.
O João, foi diferente, não tendo passado pelo mesmo processo da irmã, passou por outro igualmente difícil, o seu problema não era, nem mãe, nem madrasta mas sim o pai. o pai tinha sido sempre uma figura ausente, pois as visitas longe de terem sido quinzenais, foram quase todas passadas com os avós, e o pai não teve tempo para ser tomar na figura paternal ideal, o paizão ou até mesmo o paizinho, era apenas a "seca", o melga, que passava o tempo a dizer-lhe que ele tinha feito isto ou aquilo, que no tempo dele é que se estudava a sério, que os rapazes de hoje, não sabem o que é responsabilidade, que os filhos são uns ingratos, etc. e tal.
A sua solução foi pedir aos avós, que lhe pagassem as propinas do colégio militar, pois lá a disciplina tinha um propósito, e que no exército teria oportunidade de fazer o que sempre quisera, fugir da família que lhe coubera em sorte. A mãe que de início tinha ficado muito chateada, quando soube que o pai desaprovava, deu todo o apoio ao filho, afinal era um investimento seguro, uma carreira militar.
Os anos passaram, mas a discórdia entre o ex. casal nunca terminou completamente, a Matilde sem os dois filhos permanentemente em casa, encontrou consolo nos braços de um pintor e dedicou-se às coisas que sempre gostara, pintura, decoração e outras actividades afins, abriu uma galeria de arte, tornou-se conhecida e tentou voltar-se para a filha perdida, só que ainda era cedo.
O José teve mais dois filhos do segundo casamento, nova discórdia, a Matilde ficou muito chocada, pois achava estes iriam desapropriar os seus filhos em relação a bens e carinho da parte do pai. O que é facto é que o José se sentiu eufórico e criou expectativas, infinitamente maiores em relação à segunda prole, achava ele que estas crianças nascidas de um casamento com mais amor, não o iriam decepcionar. E se as ocasionais visitas dos filhos eram dolorosas, passaram a ser muito mais, acrescidas de uma tensão enorme.
O pai achava que os filhos mais velhos tinham obrigação de amar os irmãos, os filhos achavam que o pai, já tinha abusado em os ter obrigado a aceitar um segundo casamento, quanto mais irmãos que eles não queriam.
Egoístas, pensava o pai, egoísta, pensavam os filhos.
Achavam que o pai, já pouca atenção lhes dava, e que agora a situação não iria melhorar, mas antes agravar-se.

Pois é o divórcio estava consumado.

Este processo, durou e durou, nunca acabou. A Matilde agarrou-se às artes, continuou a viver com o pintor, mas não quis casar de novo, errar uma vez basta, não vou estragar tudo com um casamento sem sentido, assim está tudo muito bem.
O José continuou com a vidinha que pensava ter acabado com o primeiro casamento, pois nem pensem que tudo era um mar de rosas. - Eu bem sabia que não devia ter casado com um homem divorciado, alguma coisa tinha que estar errada, a tua Ex. é que foi esperta, livrou-se a tempo.
Etc. etc. etc. Não foi fácil, não acabou em divórcio, mas andou lá perto.
O José culpava a primeira mulher, dizia que esta tinha dado cabo da sua vida, pois até lhe tinha negado com as suas discussões pós divórcio o sossego que ele merecia, influenciava a segunda mulher, o comportamento dos filhos.
Parece-vos ridículo? Também a mim, mas para eles era uma situação real, amargurada, infernal. Pensais que convosco seria sempre diferente, será? Só quem passa por elas, é que sabe se é ridículo ou não.
O João e a Joana casaram, tiveram filhos, fizerem dos pais avós, e a pouco e pouco reconciliaram-se com os progenitores. Os natais, e festas de aniversários dos netos continuaram a ser infernais ­_ se ela for eu não vou, e vice-versa, mas eles já estavam habituados e não estranharam.
Os netos, só conheceram esta forma de viver com os avós, e o normal era isto, nada mais, se os avós paternos eram diferentes, era só isso, eram diferentes. A normalidade é apenas o que se conhece, nada mais do que isso.
Continuar a história seria apenas exaustivo, pois nada ou pouco mudou, a vida continuou como sempre, divórcio após divórcio, casamento após casamento, vida após vida, morte após morte. É uma história mais banal do que parece, dos divórcios que eu tenho conhecido até foi dos menos dolorosos, pois os insultos até não foram dos piores, não houve agressões físicas, ninguém foi internado, não houve suicídios.
Parece impossível, não é? Mas não, há de tudo nos divórcios, de tudo mesmo. O absurdo é apenas normalidade, se é somente aquilo que se conhece.

E depois do adeus...


Depois de tudo acabar, como é que ficamos? Ás vezes com uma pensão miserável e com os filhos á tiracolo, outras vezes com tudo, outras ainda sem nada. E depois?
Recomeçar …
Não é fácil, sobretudo se a situação nos foi oferecida e não procurada. Se não nos sentimos responsáveis, se pensarmos que fizemos de tudo para que as coisas voltassem ao que pensamos ser a situação ideal. Venha lá o mais pintado dizer-nos: olha lá se não te querem, não queiras! Perdoas agora, mas há-de chegar o dia em que vais começar a desconfiar de tudo e de todos! É claro que não queremos saber de nada disso, a cegueira quando nasce, afecta-nos a todos da mesma maneira, ficamos cegos, mesmo cegos.

Agora tudo acabou, presente, temos que seguir em frente.

E olhem só, não é que a vida continuou, e vejam só sentimo-nos vivos, é pá somos solteiros outra vez! E não é que é bom!!!
Volta tudo de novo, saídas á noite, de 15 em 15 dias estamos completamente livres para fazer o que nos der na real gana. Os nossos amigos casados, sentem alguma inveja dessa liberdade, que eles não têm, a nossa pode ser dorida, cruel, mas não deixa de ser uma liberdade conquistada. Á custa de quantas perdas, pois é, mas liberdade é liberdade.

Então saboreando, lá vamos nós, agora a maturidade é outra pensamos, não sei o que quero, mas sei o que não quero.

Talvez…
Depois, depois ás vezes chega o amor, eu mereço, depois de tudo, eu mereço.
Depois, depois ás vezes volta o medo, não quero passar por tudo outra vez, não quero sentir o que senti, como se o chão desaparecesse debaixo dos meus pés.
A tentação é fugir, fugir da ansiedade, dos enganos, da confusão, do turbilhão.
A tentação é fugir da vida.

Pois é, fugir da Vida, do Amor. Na! A vida é isso mesmo, não vale a pena baixar a bitola do merecimento, não vale a pena comparar as situações, claro que a experiência passada, deve servir para nos manter com os pés no chão, mas!
Mas, cuidado, não devemos julgar, para não ser julgados, aproveitar as oportunidades, conforme se apresentam, nem sempre, a sorte nos bate á porta, temos que abrir a porta e deixar entrar a sorte, e olhar para ela de frente e sem medo, merecemos sim, merecemos mesmo.
É preciso deixar de lado a ideia de falhanço, mesmo que se tenha falhado, mesmo que se falhe outra vez.
Não importa, depois do adeus, dizemos olá á Vida, nem que depois seja para dizer adeus outra vez!